quarta-feira, 18 de junho de 2008

Deficiência na infância



O que é deficiência mental?

Deficiência mental é a expressões como insuficiência, falta, falha, carência, imperfeição associadas ao significado de deficência (latin deficientia) não definem nem caracterizam um conjunto de problemas que ocorrem no cérebro humano, e leva seus portadores a um baixo rendimento cognitivo, mas que não afeta outras regiões ou funções cerebrais.
A principal característica da deficiência mental é a redução da capacidade intelectual (
QI), situadas abaixo dos padrões considerados normais para idade, se criança ou inferiores à média da população, quando adultas. O portador de deficiência mental na maioria das vezes apresenta dificuldades ou nítido atraso em seu desenvolvimento neuropsicomotor, aquisição da fala e outras habilidades (comportamento adaptativo).


Direito à brincar
As crianças com deficiência têm o direito de brincar, mas muitas vezes encontram dificuldades para exercer esse direito principalmente pelas mudanças sócio-culturais de nossa sociedade.Uma das dificuldades enfrentadas por todas as crianças, aquelas com e sem deficiência, é que as brincadeiras contemporâneas apresentam transformações que têm afetado as oportunidades de exercer essa atividade, a relação da criança com o contexto sócio-cultural, e o seu desenvolvimento social, físico, emocional e cognitivo. As crianças com deficiência enfrentam, ainda, as barreiras físicas e psicossociais que dificultam a circulação, acesso a diferentes instituições e a relação social.


Formas de Comunicação da criança deficiente e autista

Quando falamos de comunicação geralmente entende-se que estamos falando somente da comunicação oral. Com certeza esta é a mais comum e a de maior entendimento, mas não é a única. Para que haja comunicação é preciso estar atento aos menores sinais, por menores que sejam, da outra pessoa.
Desde crianças ouvimos a expressão “rir é o melhor remédio” e o riso é uma das respostas afirmativas universais que conhecemos.
Aliás, as expressões faciais e corporais nos facilitam em qualquer interação social e estas outras formas de comunicação podem também ajudar na compreensão da criança deficiente ou autista. O choro, o sorriso, a expressão facial são facilmente identificados por pessoas que convivem com a criança.
O choro - geralmente acontece quando a criança sente-se frustrada ou quando necessita mostrar a outra pessoa que algo não vai bem, depois de vários estudos ficou provado que o choro do bebê não é simples ou despropositado como a antiga teoria acreditava.


Para crianças com autismo a comunicação pode ser:

Modulação da voz – entonações muito bem compreendidas pelas crianças especiais. Elas conseguem entender a diferença de uma negativa como: não pode!! E um elogio como: parabéns! Esta pode ser uma forma de comunicação da criança que não fala e está em sala de aula, ela pode estar tendo modulações de voz diferentes para cada resposta que queira dar.
Comunicação gestual – utilizamos em todos os momentos. Pode ser utilizada pela pessoa, quando, por exemplo, ele pega um copo ou quando vai à direção da porta, com certeza ele deve estar querendo dizer algo. Caberá a você perceber que o entendeu e ajuda-la na realização da ação.
Comunicação gráfica – está presente na vida de todas as pessoas, mesmo sem que elas percebam. Como exemplo, temos aquela grande rede de fast food, cujo letreiro tem a letra "M" bem grande. Pois bem, qual a criança que ao passar por esta rede não sabe que lá tem batata-frita?
Silêncio – também pode ser uma forma de comunicação. Proporciona a possibilidade de exercitarmos mais a observação, que é fundamental para qualquer trabalho escolar e terapêutico.



Educação


O aluno com deficiência exige que a educação de maneira geral reveja seu papel, seus objetivos, visando otimizar seu processo de aprendizagem, uma vez que não se enquadram nos padrões de normalidade estabelecidos hoje pela nossa sociedade.
Muito se tem discutido sobre a aceitação da matrícula do aluno com deficiência no ensino regular. A Constituição Brasileira de 1988 e a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996, orientam que a educação de crianças com deficiência se dê preferencialmente na rede regular de ensino.


Cartilha assusta pais de deficientes e divide especialistas

Uma cartilha do Ministério Público Federal, apoiada pelo Ministério da Educação (MEC), que determina a inclusão em escolas comuns de todas as crianças com deficiência tem provocado polêmica e evidenciado uma briga entre duas correntes de especialistas do setor.
De um lado, há os que defendem o direito de todo deficiente de estudar com outras crianças e acreditam que isso levará a uma abertura da escola à diversidade, mudando a educação no País. Do outro, estão tradicionais associações que mantêm escolas especiais e afirmam que certos graus de deficiência não permitem a inclusão. Para elas, também não há preparo de professores e estrutura na rede pública de ensino para receber todos esses novos alunos.
Alheios à discussão teórica, os pais se dizem assustados. "Eu tenho o direito de escolher a escola do meu filho", afirma a professora aposentada Carmem Luiza Cestari, mãe de Tales, que tem síndrome de Down e outras complicações que o impedem de falar. O menino, de 16 anos, está sendo alfabetizado em escolas da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) em Batatais, interior do Estado, onde há cerca de 15 alunos por sala. "Não quero que ele seja apenas um número na escola, quero que ele progrida", diz a mãe.
As Apaes e outras entidades oferecem ensino até a 4.ª série e depois disso organizam aulas profissionalizantes, além do atendimento com psicólogos, fonoaudiólogos e outros profissionais da área de saúde.
Karen Cristina, de 16 anos, pediu e a mãe a tirou da escola regular e a levou de volta à Apae. "A professora chegou a dizer que ela não tinha condições de estudar lá", diz a mãe, Maria Aparecida dos Santos. A menina tem dificuldade para se locomover e a escola exigia que uma irmã ficasse ao lado dela para ajudá-la. "Ela deixava de comer a merenda porque não tinha quem a levasse."
A procuradora da República Engênia Fávero, autora da cartilha do Ministério Público Federal, diz que casos como esses devem ser denunciados. O que causou maior polêmica, no entanto, foi o trecho do texto que fala que os pais estão cometendo "crime de abandono intelectual" ao não matricular os filhos com deficiência na rede pública de ensino. "Não é que vamos sair mandando prender os pais, cada caso será analisado pelos promotores. Quem teve seu filho rejeitado na escola não será penalizado."
Cerca de 60 mil cartilhas foram distribuídas para escolas do País. A intenção, segundo Eugênia, foi a de mostrar a legislação já existente sobre o assunto. "Nada é novo lá, o direito de todas as crianças à educação está na Constituição."
A secretária de Educação Especial do MEC, Claudia Dutra, diz que a inclusão é debatida há décadas e as escolas têm se preparado. Entre 1998 e 2004, cresceu de 13% para 34% o porcentual de crianças com deficiências atendidas em classes comuns. São 195 mil dos 566 mil que estudam no País.
Ela cita ainda 55 mil professores capacitados entre 2003 e 2004 com esse propósito e um programa do ministério que está formando dirigentes de 106 cidades. "O projeto de inclusão não pode mais ser adiado por entender que as escolas não estão preparadas. A formação não é apenas o treinamento prévio, é preciso matricular a criança, estabelecer a relação professor-aluno e então perceber o que é necessário para que ela aprenda", diz.
A rede pública de ensino brasileira, porém, convive com salas superlotadas, baixos salários, má formação dos professores, projetos pedagógicos ultrapassados e estrutura insuficiente. "Como você vai dar atenção a um aluno especial numa sala com 50 crianças?", questiona o presidente do sindicato dos professores de São Paulo (Apeoesp), Carlos Ramiro.

Os defensores da inclusão total acreditam que a chegada dessas crianças vai pressionar a escola a entender que a educação moderna respeita o ritmo de aprendizagem de cada aluno, seja ele deficiente ou não.
A inclusão é um conceito defendido por educadores do mundo todo. Difícil encontrar quem se oponha à convivência de crianças com algum tipo de deficiência com outras de sua idade, tanto para o desenvolvimento social e educacional como para diminuir o preconceito. O presidente da Federação Nacional das Apaes, Luiz Alberto Silva, também não discorda. Diz que a instituição que preside encaminha cerca de 10 mil crianças por ano para escolas regulares, mas a inclusão não é para todos.
"Há casos graves de deficiência mental em que não se consegue saber qual é o nível de compreensão da criança", diz. "Ao forçar a barra e com uma recepção inadequada na escola, muitas deixarão de estudar", completa a vice-presidente da Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), Ika Fleury.
Para a secretária, é preciso saber diferenciar a educação curricular, oferecida nas escolas comuns, da educação especializada. Dessa última fazem parte o ensino do braile, da língua brasileira de sinais ou mesmo o desenvolvimento cognitivo para deficientes mentais, o que deve continuar sendo oferecido pelas entidades, segundo ela.
Silva acusa o governo e o MPF de tentar acabar com as escolas especiais, que, segundo ele, prestam serviços essenciais para essa população. "Em municípios onde não estamos, há ainda deficientes amarrados ao pé da cama." As instituições sem fins lucrativos e ONGs se mantêm também com dinheiro do governo. Só o MEC repassou, em 2004, R$ 51 milhões em ajuda de transporte escolar, merenda e livros didáticos, entre outros.
"A escola regular é o lugar onde as gerações se encontram e se relacionam, os que têm alguma deficiência também têm esse direito", diz Claudia Werneck, fundadora da ONG Escola de Gente, que organiza projetos para jovens, empresas e outros grupos para difundir a inclusão. "Gerações e gerações de brasileiros são criadas para discriminar as pessoas em razão de suas diferenças. Isso tem de mudar."
(O Estado de S. Paulo – 30/05/05)


Como cuidar de uma criança portadora de deficiência

Uma criança com deficiência não consegue fazer tudo tão bem como as outras crianças, mas existem algumas coisas que ela pode fazer tão bem ou até melhor. Em vez de ter pena dessas crianças e só ver suas fraquezas, seria melhor reconhecer e encorajar suas habilidades.O material e os métodos aqui descritos ressaltam os seguintes princípios básicos que devemos seguir ao cuidar de uma criança deficiente na própria comunidade:
-sempre que possível, faça aparelhos ortopédicos e adaptações utilizando recursos simples e de baixo custo;

-aproveite o conhecimento das pessoas e as tradições do lugar;
-forneça o mínimo de auxílio para ajudar a criança a fazer o máximo sozinha;
-use recursos simples e adaptados às circunstâncias locais;
-faça adaptações técnicas simples para as necessidades específicas da criança;
-torne a terapia divertida para que a criança a faça sozinha como se fosse uma brincadeira;
-ensine os irmãos a compreender a criança e a ajudar na terapia;
-incentive as crianças sadias a dar valor às crianças com deficiência e a brincar com elas;
-evite que a criança com deficiência fique sentada ou deitada numa posição que pode agravar seu problema;
-procure recursos simples para evitar deformações ou outros problemas;
-utilize os princípios de terapia ocupacional para as atividades da vida diária: comer, vestir, carregar etc;
-ajude a criança a desenvolver a mente e o corpo;
-inclua a criança nas atividades diárias da família;
-ajude a criança a se tornar o mais independente possível — principalmente nas atividades da vida diária como comer, vestir, tomar banho e ir ao banheiro;
-ajude a criança a desenvolver uma habilidade que permita auxiliar em casa e ter uma vida produtiva.


Nível e forma da linguagem

· A linguagem constitui um dos maiores desafios na educação de pessoa com deficiência mental. De fato, especialistas em linguagem e comunicação têm mostrado que suas habilidades lingüísticas não acompanham suas outras habilidades cognitivas. Apesar deste atraso, todas as pesquisas apontam para o princípio de normalidade, isto é, que o desenvolvimento da linguagem segue as mesas seqüências e estabelece as mesmas estruturas mentais específicas que o resto da população. A diferença é que o desenvolvimento se dá mais lentamente, às vezes fica incompleto e nem todos seus componentes avançam no mesmo ritmo.
· Uma das características mais importantes dessa linguagem é a diferença existente entre sua capacidade de compreensão e sua capacidade de expressão. A dificuldade é maior na produção de linguagem, na capacidade de se expressar. Assim, ocasionalmente as pessoas com deficiência mental têm problemas com a morfologia. A morfologia, dentro da semântica, faz referência aos elementos individuais da linguagem que, unidos a outros, dão-nos diferentes tipos de informação. Por exemplo, um "s" junto com a palavra casa indica o plural (casas).
· Os morfemas indicam além do número, o gênero ou os tempos verbais. As crianças aprendem a morfologia de maneira inconsciente ao mesmo tempo em que falam. Entretanto, às vezes as crianças deficientes têm maiores dificuldades porque é difícil para elas discriminar alguns destes fonemas, como o “s” do plural, por causa de sua dificuldade de audição, outras vezes por não pronunciar os sons finais que dão mais trabalho. Por outro lado, há certos morfemas difíceis de ensinar, como “in” - indica negação ou que - ando é o indicativo do gerúndio. O melhor modo de aprendizagem é a prática. Portanto, é preciso que sejam dadas à criança experiências nas quais se introduzam variações desse tipo. Por exemplo, ao brincar com ela, dizemos: "Olha, vou empurrar esta bola". “Estou empurrando a bola, viu?”. “Empurrei a bola e a bola caiu".
· No entanto, uma das maiores dificuldades enfrentadas pelas pessoas com deficiência mental é a sintaxe, isto é, a gramática ou normas que regem a forma da linguagem. Por exemplo, a ordem das palavras em uma frase, as frases complexas, as interrogações, etc. Os pronomes, o uso do passado ou a concordância entre o sujeito e o verbo são outras das dificuldades mais destacadas. Está demonstrado que a leitura é um recurso muito valioso para ajudar às crianças a interiorizar as regras da sintaxe.


A família da criança deficiente

A família é o primeiro campo de treinamento significativo da criança. É neste
campo de treinamento que a criança descobre a existência de outras pessoas (pai,
mãe, irmão, irmã, avós e outros), cada qual com um papel previamente definido, que
por suas experiências únicas e uma personalidade essencial torna-se uma pessoa diferentedas demais, com forças e fraquezas, temores e amores, fixações e necessidades, desejos e sonhos. A criança aprende sobre o mundo e a vida através de cada pessoa na família. Assim, se os integrantes da família, como um grupo, reagirem a elas de modo positivo, é provável que as crianças se vejam sob uma luz positiva, pois cada pessoa na família diz às outras quem elas são e se, provavelmente, serão bem sucedidas ou não, mesmo antes de entrarem em contato com a sociedade maior, além dos limites do lar .
Dessa forma, a melhor coisa que uma família pode fazer por seus filhos é expressar a sua condição humana em todas as acepções do termo. Seres humanos que buscam e lutam pelo seu próprio crescimento, uma vez que a palavra chave para o processo de crescimento encontra-se na oportunidade que a família oferece à criança de ter um lugar seguro para descobrir a si mesma e as outras pessoas no seu mundo.
O nascimento de uma criança deficiente, seja qual for o tipo de deficiência, traz à tona uma série de complicações advindas de sentimentos de culpa, rejeição, negação ou desespero, modificando as relações sociais da família e sua própria estrutura.Os integrantes da família, que até determinado momento estiveram seguros em seus papéis bem definidos, quando se defrontam com um indivíduo deficiente terão de passar por uma mudança significativa, ou seja, a redefinições de papéis e mudanças de atitudes e valores e novos estilos de vida .
Por vezes, a presença da criança deficiente pode suspender certos componentes do ciclo familiar, podendo, por exemplo, ocupar permanentemente a posição social do filho mais novo na família, não desenvolvendo a independência e autonomia da idade adulta.
As reações a esta criança podem trazer à tona vários tipos de comportamentos,
como encarar o problema de um modo realista; negação da realidade da deficiência;
lamentações e comiseração dos pais para com a sua própria sorte; ambivalência
em relação à criança, ou seja, rejeição e projeção da dificuldade como causa da deficiência;
sentimentos de culpa, vergonha e depressão e padrões de mútua dependência.
Entretanto, nenhuma dessas reações é peculiar aos pais em geral, ou aos pais
de crianças deficientes; são reações comuns de pessoas normais à frustração e conflito.
Os pais, no decorrer de suas vidas, também manifestarão ou sentirão essas mesmas
reações com seus filhos não deficientes, como parte do processo da vida, sendo,
portanto, fundamental que os pais de crianças deficientes tomem ciência destes fatos,
pois muitos de seus conflitos e sentimentos são compartilhados por outros pais em
alguma fase da vida .
Muitos pais de crianças deficientes não só experimentam sentimentos de culpa
e vergonha, mas sentem-se culpados e envergonhados por experimentá-los; ou seja,
além de se sentirem culpados, eles se sentem culpados por se sentirem culpados. Essa
culpa é uma fonte secundária de perturbação emocional para os pais, que já suportam
uma sobrecarga emocional. A presença de uma criança deficiente na família constitui
um motivo adicional de tensão, sendo provável que as reações defensivas ocorram
mais freqüentemente e em um grau mais elevado do que naquelas cujos membros são
razoavelmente normais.
Além das pressões internas com as quais a família terá que lidar com o nascimento
de uma criança deficiente, esta também terá de enfrentar as pressões exercidas
pelas forças sociais externas, uma vez que a sociedade tem dificuldade em conviver
com as diferenças, sendo este talvez um dos principais conflitos vividos pelas famílias.
A maneira como esta criança deficiente será aceita na família e o resultante
clima emocional posterior, dependerão, em grande parte, da atitude da mãe. Se ela for
capaz de lidar com o fato com aceitação e segurança razoáveis, de uma forma bem
ajustada, a família será capaz do mesmo .
A mãe tem sido, historicamente, considerada a figura central da família; ela é
considerada o foco dos mais significativos alinhamentos familiares. Quando a criança
age a mãe reage e, por sua vez, a criança reage à mãe, de um modo circular. Em muitas
famílias, ainda hoje, o pai, em seu papel, reage à sua percepção da interação mãe/criança, influenciando tanto no comportamento da criança como na interação mãe/criança.
À medida que as relações intrafamiliares vão se estabelecendo, as relações
interfamiliares tornam-se mais acessíveis, facilitando a aceitação social desta criança.

O comportamento da criança deficiente é talhado pelas ações e atitudes de
outros e os ajustamentos da família de uma criança deficiente tanto podem limitar e
distorcer como encorajar e facilitar a potencialidade de desenvolvimento da criança.
Esses ajustes familiares geram ansiedade que, segundo Amaral (1994) é resolvida
sob duas grandes formas, lidar com a realidade ou fazer uso de mecanismos de
defesa.
Após o nascimento da criança deficiente, praticamente inexiste um
aconselhamento psicológico aos confusos pais e grande parte do que farão com as
crianças basear-se-á em ensaio e erro. Nos períodos cruciais do nascimento, quando
os pais mais precisam de ajuda, esta não existe ou é muito pequena.
É vital que os pais sejam conscientizados da importância dos primeiros meses
de vida e dos problemas e ansiedades que podem ser criados. Devem ser informados
de sua responsabilidade e dos efeitos profundos e duradouros de suas ações ou omissões
sobre o crescimento e desenvolvimento de seus filhos, pois é nesta tenra idade
que os pais deverão iniciar a estimulação e buscar o apoio e serviços de profissionais
de habilitação e reabilitação, com objetivo de detecção precoce de processos que
poderão tornar-se altamente incapacitantes, de avaliação integral da criança e do ambiente, assim como de um programa de intervenção onde considere principalmente a família como co-terapeuta do processo de diagnóstico e intervenção.

Crescer com um irmão diferente

Hoje em dia existem imensas coisas que não consigo explicar por palavras. Uma delas é o sentimento de revolta para com o mundo quando foi diagnosticado ao meu irmão, de apenas 3 anos, um défice cognitivo, ou seja, um atraso no desenvolvimento que provocou perturbações na linguagem. Para agravar ainda mais o problema, foi ainda descoberto que tinha hiperactividade.
Foi um choque: como tudo na vida pensava que só acontecia aos outros. Desde os meus 6 anos que ansiava ter um irmão, um amigo, uma companhia. Porém a vida foi muito mais generosa…: deu-me um irmão especial!
A nossa diferença é física e também psicológica, uma vez que temos uma diferença de 8 anos. No entanto, temos defeitos e virtudes: eu sou amiga, mas orgulhosa; já o João é do mais carinhoso que pode haver, mas muito refilão. Porém, não olham para mim da mesma maneira que olham para ele. Com diferença. Infelizmente é assim. Já nem me refiro às crianças com deficiências: nós, adolescentes, não aprendemos a lidar com a diferença. Se a miúda ou miúdo que frequenta a escola passa nos corredores e não corresponde ao ideal criado hoje em dia, é olhado desta maneira. Contudo, e com as suas limitações, o João, agora com 8 anos, já consegue falar e controlar um pouco mais a sua ansiedade. Andou sempre em escolas normais e os amigos ajudam-no imenso. Tem uma terapeuta da fala e uma professora de ensino especial.
Quanto aos meus amigos, têm-me feito ver que tenho muito mais que os outros. Tenho um irmão que é anormalmente simpático, anormalmente comilão, mas sobretudo anormalmente feliz. Poucas são as pessoas que têm essa sorte.
Sinceramente já fui mais receosa relativamente ao seu futuro. O João tem feito enormes progressos, e sei que um dia vai conseguir ter o seu lugar na sociedade: vai demorar mais tempo, mas vai conseguir!
Ao escrever a minha história tento passar a mensagem principalmente às pessoas que têm irmãos com necessidades especiais, mas também àqueles que não têm. Acho que se todos nós deixarmos de deitar aquele olhar de pena, e às vezes cruel, a pensar que “ah, são deficientes, não percebem... Enganam-se: são mais sensíveis e mais perceptíveis às situações.
No fundo é uma lição de vida, porque não o tratamos de forma diferente: tratamo-lo apenas com mais amor, carinho e atenção. Isso faz-nos aprender a ser tolerantes, amigos e capazes de impor respeito perante as situações. Assim damos-lhe força e transmitimos-lhe segurança, pois crescemos ao seu lado não de um modo diferente mas especial.

Liliana Patricia R Lopes (16 anos)


Estimulação precoce ajuda crianças com deficiência
Grasiela Cardoso
A estimulação precoce é a base fundamental para o desenvolvimento da criança. Por isso, a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) criou o “Programa de Estimulação Precoce”, que – como o nome diz - estimula as funções e a capacidade da criança com deficiência mental.
O programa atende 350 crianças, de zero a cinco anos de idade, portadoras de deficiência mental ou que tenha algum atraso no desenvolvimento. Nesses atendimentos, que acontecem uma vez por semana, pais e filhos aprendem juntos a superar os obstáculos que atrapalham o desenvolvimento da crianças.
Os pais aprendem como estimular a criança com profissionais de fisioterapia, fonoaudiologia, pedagogia e terapia ocupacional. “Se a mãe não está bem, ela não consegue estimular o seu filho”, afirma a coordenadora do setor de Estimulação Precoce da Apae, Marilandy Franco.
Para os recém-nascidos portadores de deficiência há uma série de exercícios especiais de detectam e estimulam a capacidade cognitiva. Se a criança não recebe esses estímulos até os quatro anos e 11 meses de idade, pode ter atraso na fala, locomoção e capacidade cognitiva. Além disso, a convivência dessa criança com outras que não apresentam deficiências também é um estímulo. Por isso, a recomendação de que se procure uma escola
inclusiva .
A conscientização e o incentivo por partes de todos (pais e comunidade) são indispensáveis para superar essas dificuldades. “Quanto mais cedo a criança for estimulada, mas ativa ela se tornará. A criança, mesmo com deficiência, consegue atingir sua capacidade mais cedo”, conclui a coordenadora.


"A criança deficiente é a criança que se desvia da média ou da criança normal em características mentais, aptidões sensoriais, características neuromusculares e corporais, comportamento emocional e social, aptidões de comunicação e múltiplas deficiências, até a ponto de justificar e requerer a modificação das práticas educacionais ou a criação de serviços de educação especial no sentido de desenvolver ao máximo as suas capacidades. "


Postado por:Quéren, Kethlem Rayane e Patrícia

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